Pagar-te primeiro é estares comprometido contigo mesmo de forma a priorizar o teu futuro financeiro.
“O ouro vem de bom grado e numa quantidade crescente para todo homem que separa não menos que um décimo dos seus ganhos, a fim de criar um fundo para o seu futuro e o da sua própria família.” Primeira lei de ouro, do livro O Homem Mais Rico da Babilónia
Cada vez mais a vida nos ensina a importância de estabelecermos metas em diversas áreas. No entanto, a área financeira sempre teve, tem e terá uma grande importância no topo das nossas prioridades.
É possível pensar numa refeição, na utilização do telemóvel, numa viagem, num curso superior, em habitação, em ter acesso a bens de primeira necessidade, sem pensar em “guito”? Não é possível.
Todo o nosso consumo é a expressão de uma despesa e toda a despesa tem um custo.
Quando pensas no teu futuro e na autonomia que esperas alcançar na vida, o fator dinheiro é algo que assalta de imediato a tua mente.
De um modo geral, desejamos ser autónomos e sem preocupação de grandes dependências de terceiros. Embora que na vida, de uma forma ou de outra, acabamos sempre por estar dependentes em alguma circunstância.
É importante perceberes que, pagar-te primeiro “é o teu presente a pagar o teu futuro”.
Pagar-te primeiro, o que não fazer?
Pagar primeiro a ti é o segredo número 1 para o sucesso da tua vida financeira (rumo a tua independência financeira).
O que fazes assim que recebes o dinheiro, diz muito a teu respeito, denuncia as tuas prioridades.
É provável que quando recebes os teus rendimentos, estejas habituado a pagar primeiro todas as tuas despesas e depois, talvez, quando, e se sobrar algum, passas o montante para uma conta poupança, ou seja, recebes os teus rendimentos:
- Almoças fora para celebrar 😊
- Há quem compre o chamado miminho (deve fazer anos todos os meses) 😊
- Pagas a renda ou a prestação do imóvel;
- Pagas a água;
- Luz;
- Gás;
- Pagas a conta do telemóvel + TV;
- Etc.
- E, se sobrar algum valor, passas para a poupança ou deixas a acumular no saldo da conta corrente (o que também é um erro).
- Se não sobrar? Oh, não sobrou.
É a forma mais errada de conduzir as tuas finanças. Acredita.
Porque estarás sempre dependente de uma “sobra” para poupar algum dinheiro. Mas se depender da força de vontade, nunca irá sobrar nada.
Continuando a agir desta forma, como achas que será o teu futuro financeiro?
Pagar-te primeiro, será este o caminho?
Financeiramente, já pensaste como pretendes que o teu futuro esteja organizado daqui a 5, 15, 40 anos?
Porque agindo da forma que falamos no ponto anterior, dificilmente conseguirás poupar e mais afastado estarás de alcançar a tua liberdade financeira.
E tu dizes: Ok, quando chegar a altura, vivo da reforma!
Pois, da reforma. Qual reforma?
Achas que vais conseguir viver apenas com uma reforma paga pelo estado?
O valor da tua pensão mensal corresponderá a uma percentagem muito inferior ao valor do teu último salário e tende a baixar com o passar do tempo devido a sustentabilidade do sistema de pensões.
Uma simulação da Proteste Investe, publicação ligada à Deco, calcula que a quebra de rendimentos será de cerca de 30% para quem pedir a reforma nos próximos 20 anos.
Posto isto, analisa se realmente conseguirás viver de forma independente e digna, apenas com o dito valor da reforma. Claro, partindo do princípio de que terás acesso ao valor da reforma quando chegar a tua vez.
Agora, tu perguntas: Como posso aumentar as chances de ter uma vida financeira mais confortável no futuro?
Pagar-te primeiro, é uma das melhores formas para alcançar o que pretendes.
O ideal é viver hoje com 70% do que ganhas e poupar os outros 30%.
É o modelo ideal para conseguires aportar algum valor para as tuas poupanças, ou seja, um investimento de modo a alcançar o desejado para o teu futuro (daqui a 5, 15, 40 anos).
Não consegues separar 30%?
E tu dizes: Claro que não, aí é que não pago as contas, não como, etc.
O salário não chega porque tens contas excessivas para o salário que recebes?
Experimenta guardar 8% ou 5%, por exemplo, para o teu futuro. Mas guarda uma percentagem possível, uma percentagem pré-definida.
- Esse mês… não dá.
- Mês seguinte: Agora, esse mês é que não dá mesmo.
- Próximo: Não é difícil prever que será igualmente complicado.
O que já acontece
Em casa, já experimentamos a técnica do “se sobrar, poupo”. E não funcionou. Porque como tínhamos algum valor disponível, íamos com mais frequência a restaurantes, comprávamos mais artigos diversas, etc.
Faz um esforço, poupa o máximo que conseguires.
Decide um valor mínimo e abraça o compromisso.
Compromete-te contigo mesmo a não abrir mão daquele valor QUE É PARA TI, como se de uma conta indispensável se tratasse.
Podes estar a pensar… Isso é tudo muito giro e até gostava, mas… Calma!
Trabalhas por conta de outrem, és pensionista ou trabalhador independente não isento?
Imagina o que acontece com uma percentagem do teu salário/pensão todos os meses, as chamadas retenções na fonte. É um mecanismo inteligente que o governo implementou para retirar do teu salário a parte sujeita a impostos para o Estado. Tirou das tuas mãos essa tarefa (porque será?), e entregou-a a entidade patronal, para garantir que tudo iria correr bem.
O governo, arranjou essa bela estratégia para proteger-nos de nós mesmos.
Na verdade, é para garantir o seu (do estado) “pagar-se primeiro”. Que ninguém esquece de pagar o que é devido ao estado. Por isso, existe logo a retenção na fonte no nosso salário bruto e, quando recebemos o salário, recebemos já o salário líquido, no qual já foram descontados os devidos impostos diretos.
Pagar-te primeiro, o que fazer?
Que tal agires da mesma forma que o governo age para conseguires pagar-te primeiro?
Mal o dinheiro entra na tua conta, separa logo a percentagem pré-definida, por exemplo, com recurso a uma transferência automática para uma conta poupança (faz uma “retenção na fonte”).
Na verdade, o objetivo não é o dinheiro ficar parado na conta poupança, no entanto, é a primeira fase, conseguir guardar a percentagem pré-definida.
Primeiro, empenha-te em guardar no mínimo esses 5%, 10%, 30% dos teus rendimentos. Quanto maior a percentagem, melhor, mas começa ao teu ritmo.
Podes estar a pensar que 50,00€ ou 100,00€ é tão pouco, que não adianta nada. Que diferença fará?
É pouco? Já fizeste as contas de quanto terás reservado no final do ano? 600,00€ ou 1.200,00€
Como se diz: “Pouco conta, nada é que não conta.” e “De grão em grão, enche a galinha o papo.”. Não é verdade?
Lembra-te:
“Você não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas do barco para chegar onde quer. “Confúcio
Não podes mudar certas circunstâncias, entretanto, podes ajustar os teus padrões, hábitos para o local que pretendes chegar.
Pagar-te primeiro, que pequenos passos podemos tomar?
Assim que começares a guardar os tais 50,00€/100,00€, e a ver o efeito que isso tem, provavelmente, vais querer fazer um esforço para que mês após mês possas poupar mais.
Perguntas, mas como consigo guardar mais dinheiro? Os rendimentos não esticam. Posso fazer alguma coisa?
Uma das sugestões é, liberta-te de despesas desnecessárias:
- Fica atento as promoções, para poupares nas despesas de supermercado;
- Sai de casa com a lista de compras e restringe-te a ela;
- Atenção a luz que fica desnecessariamente ligada em casa;
- Não inventa despesas extras;
- Leva o farnel para o trabalho (que grande poupança será);
- Cancela aquela subscrição que mal usufruis (ginásio que não vais a meses).
“Cuidado com as pequenas despesas; um pequeno vazamento afundará um grande navio.“Benjamin Franklin
É indispensável rever as contas e reduzir nas despesas.
Tens que ter as tuas contas organizadas, por isso, recomendo que leias o nosso artigo “Orçamento pessoal ou familiar – como criar” para não deixar as tuas finanças à deriva. O artigo está excelente e vai ajudar-te imenso.
- Lê com atenção. É importante que leias, para ficares inteirado da correta forma de aplicar o modelo ilustrado. É simples, mas é necessário que percebas o conceito;
- Descarrega o ficheiro Excel (orçamento.xlsx) no final do artigo.
Ao utilizares o modelo de orçamento que sugerimos, há uma probabilidade enorme de chegares ao final do mês com alguma poupança efetuada.
Pagar-te primeiro, aceitas o desafio?
Pagar-te primeiro deve ser encarado como uma despesa fixa mensal. Ajudou a perceber? Na verdade, é a tua despesa prioritária, a mais importante.
Então, repito e de uma forma bem simples: Reserva primeiro esse valor e depois, vira-te com o restante das despesas.
Lembra-te que: toda a decisão que tomares, significa que estás a abdicar de algo.
Se o teu objetivo de vida é trabalhar para pagar contas, estás no bom caminho se estiveres a fazer o que falei no início: recebes os rendimentos, pagas as contas e está fechado. Acabou o dinheiro, chega o próximo mês, e o processo repete-se.
Mas se o teu objetivo de vida, passa por criares alguma prosperidade para o teu futuro, que significa ter mais do que o suficiente, então, pagar-te primeiro será um dos teus grandes aliados.
A partir dos próximos rendimentos que receberes, paga-te primeiro a percentagem que determinaste, para começares a criar disciplina com as tuas finanças e desenvolver o gosto pelas poupanças.
Adapta o teu padrão de vida de modo a conseguires alinhar os teus planos futuros com os teus objetivos de vida.
Por isso, o segredo é pagar-te primeiro.
Por fim
Só para deixar bem claro, o pagar-te primeiro não é um convite para teres um dinheiro extra para a chamada “loucura”.
Não. Podes e deves “arranjar mais espaço” no teu orçamento, para reservar algum dinheiro para os pequenos prazeres, que claro fazem parte da satisfação da nossa vida e não é suposto abrirmos mão deles, nem é esse o objetivo. Temos apenas que ser responsáveis com as nossas finanças.
É muito importante pensares nas tuas prioridades. Se é importante para ti comprar aquele telemóvel, vestuário, televisão, um carro novo, ir ao cinema, teatro, concerto, ok. Tudo bem.
Lembra-te apenas de uma coisa, não sacrificar o valor do pagar-te primeiro. O que deves fazer, é “arranjar espaço” no orçamento para diferentes propósitos.
Pagar-te primeiro é ou passou a ser importante para ti? Partilha connosco a tua opinião e experiências.
Bora Falar de Guito!