Se alguma vez sentiste ou testemunhaste o peso das dívidas a assombrar sonhos e objetivos, não estás sozinho.
As finanças pessoais podem ser um labirinto confuso, onde muitos de nós nos perdemos em dívidas por diversas razões.
Seja por imprevistos da vida ou decisões menos acertadas, as razões que nos levam a acumular dívidas são tão humanas quanto complexas, e é precisamente essa jornada repleta de altos e baixos que nos torna capazes de identificar e aprender com cada desafio financeiro que encontramos.
Neste artigo, que é o primeiro de duas partes, vamos explorar algumas das principais razões que levam as pessoas a endividar-se, analisando diversos fatores económicos, sociais e psicológicos que influenciam esse fenómeno tão abrangente.
Ao compreendermos as motivações por trás do endividamento, poderemos refletir sobre formas mais eficazes de lidar com as dívidas e promover uma maior consciência financeira.
Sem mais demoras, passemos ao que interessa.
1 – Pressão social
A pressão social está relacionada com as influências e expectativas que a sociedade ou grupos sociais exercem sobre as pessoas em relação ao seu comportamento financeiro e estilo de vida.
Em muitas culturas, existe uma tendência para a busca de status social e a exibição de riqueza, o que pode levar algumas pessoas a gastar acima das suas possibilidades e a contraírem dívidas para manter ou aparentar um padrão de vida que não corresponde à sua realidade financeira.
As redes sociais e a cultura de partilha constante de momentos e conquistas podem agravar ainda mais essa pressão social. Muitas vezes, as pessoas comparam-se com as imagens “perfeitas” que são retratadas nas redes sociais e sentem a necessidade de acompanhar o que outros aparentemente estão a alcançar na vida financeira, mesmo que isso signifique recorrer ao crédito para atingir esses objetivos.
Essa pressão social pode ser ainda mais intensa em momentos específicos da vida, como ao entrar na vida adulta, ao casar, ao ter filhos ou ao alcançar marcos profissionais. Nessas fases, é comum que as expectativas da família, amigos ou colegas de trabalho exerçam uma influência significativa nas decisões financeiras das pessoas.
Para lidar com a pressão social e evitar o endividamento excessivo, é fundamental desenvolver uma compreensão sólida das nossas prioridades e valores financeiros.
A prática do autocontrolo financeiro, o estabelecimento de metas realistas e a capacidade de dizer “não” a gastos desnecessários são atitudes que podem ajudar a resistir à pressão social e construir uma base financeira sólida e sustentável ao longo do tempo.
2 – Crises económicas
As crises económicas são períodos de instabilidade financeira e incertezas, caracterizados por uma redução significativa na atividade económica, aumento do desemprego e queda na renda das famílias.
Durante esses períodos, várias circunstâncias podem levar as pessoas a enfrentar dificuldades financeiras, resultando em endividamento, tais como: desemprego em massa, redução do rendimento, queda do valor dos ativos, aumento de despesas básicas, acesso restrito ao crédito, etc.
As crises económicas são eventos que, embora não possam ser previstos exatamente em termos de tempo e magnitude, são inerentes ao funcionamento dos mercados e tendem a ocorrer periodicamente.
Portanto, conhecendo essa realidade, é importante adotar medidas para minimizar o impacto dessas crises nas nossas vidas, como por exemplo: criar um orçamento, construir um fundo de emergência, reduzir as dívidas, diversificar os investimentos, evitar a tomada de decisões financeiras por impulso, manter-se informado, considerar novas fontes de renda, proteger a saúde financeira a longo prazo, manter o equilibro emocional, entre outras.
Os exemplos acima, são estratégias prudentes de preparação para enfrentarmos eventuais momentos de crise económica. Essas ações podem ajudar a garantir maior estabilidade financeira pessoal e familiar, oferecendo uma maior capacidade de enfrentar adversidades económicas.
3 – Taxas de juros elevadas
As taxas de juros elevadas podem desempenhar um papel significativo no endividamento das pessoas. Bancos e outras instituições financeiras cobram essas taxas ao fornecerem empréstimos ou créditos aos clientes.
Quando as taxas são elevadas, podem ter um impacto negativo na capacidade de gerir e pagar as dívidas, criando um ciclo de endividamento difícil de quebrar.
Algumas consequências que essas taxas altas podem ter nas nossas finanças incluem: aumento do custo do crédito, pagamento de juros em detrimento da redução do capital, menor capacidade de investir e poupar, dificuldade em quitar as dívidas existentes, restrições financeiras e limitações de oportunidades, entre outros.
Para evitar esse ciclo de endividamento causado por taxas altas de juros, é fundamental termos cuidado ao assumir empréstimos ou utilizar créditos. É importante comparar as taxas de juros oferecidas por diferentes instituições financeiras, compreender os termos e condições dos empréstimos e, sempre que possível, procurar formas de reduzir o endividamento existente.
4 – Falta de planeamento financeiro
A falta de planeamento financeiro é uma das principais razões que conduzem ao endividamento de muitas pessoas.
Quando não há um plano estruturado para gerir o dinheiro de forma eficaz, as finanças pessoais podem tornar-se num verdadeiro desafio.
O desconhecimento dos gastos, ausência de poupança, falta de controlo no uso do crédito, ausência de metas financeiras claras, dificuldade em lidar com imprevistos, desconhecimento do estado do endividamento, entre outras, são algumas situações associadas a falta de planeamento financeiro.
As razões mencionadas acima representam verdadeiras armadilhas financeiras, sendo, por isso, essencial desenvolver um planeamento financeiro.
Ao estruturar um planeamento financeiro adequado, é necessário: criar um orçamento detalhado que inclua todas as despesas e receitas, definir metas financeiras realistas, poupar regularmente para criar um fundo de emergência, usar o crédito de forma responsável, entre outras medidas.
O planeamento financeiro não apenas ajuda a evitar o endividamento, mas também oferece uma visão clara de como alcançar a estabilidade financeira e realizar os objetivos financeiros de longo prazo.
5 – Uso excessivo do crédito
O uso excessivo do crédito pode ser uma das principais causas de endividamento. Isso ocorre quando utilizamos de maneira frequente e descontrolada o crédito disponível, como cartões de crédito e empréstimos, sem considerar adequadamente a nossa capacidade de pagamento.
Existem diversas formas pelas quais o uso excessivo de crédito pode levar ao endividamento. Alguns exemplos incluem pagar apenas o valor mínimo do cartão de crédito, acumular juros não pagos, recorrer a várias fontes de crédito, falta de planeamento financeiro e ser influenciado por estímulos de consumo.
Para evitar o endividamento causado pelo uso excessivo do crédito, é fundamental adotar práticas financeiras mais responsáveis. Algumas medidas que podem ser tomadas incluem fazer um planeamento financeiro adequado, utilizar o crédito de forma responsável, evitar o pagamento mínimo do cartão de crédito, gerir as dívidas de forma controlada e procurar aconselhamento financeiro e psicológico, se necessário.
Conclusão
Nesta primeira parte, exploramos cinco de dez razões que levam as pessoas a endividar-se.
Ao longo do artigo, analisamos a influência da pressão social, as dificuldades enfrentadas em crises económicas, o impacto das taxas de juros elevadas, as consequências da falta de planeamento financeiro e os riscos do uso excessivo do crédito.
Fica evidente que o endividamento é um fenómeno complexo, muitas vezes impulsionado por múltiplos fatores interligados. As sociedades de consumo e os desafios financeiros podem criar um ambiente propício para o acúmulo de dívidas, e é essencial que cada um de nós desenvolva uma maior consciência financeira para evitar cair nesta teia.
Na segunda parte do artigo, Dívidas: 10 razões que levam as pessoas a endividar-se (parte 2), continuaremos a explorar outras cinco razões que podem levar ao endividamento, aprofundando ainda mais este tema tão relevante na atualidade.
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