Uma das chaves do sucesso da vida financeira, está centralizada exatamente no facto de aprendermos a gastar menos do que ganhamos.
Mesmo que tenhamos um orçamento bem delineado, é importante sermos disciplinados para cumpri-lo o mais regradamente possível. Senão, aparecerão constantemente gastos inesperados e muitas vezes desnecessários.
Sem dizer que, se o nosso objetivo é melhorar a nossa vida financeira, gastar mais do que ganhamos é simplesmente “remar contra a maré”. É caminhar no sentido oposto ao nosso objetivo. O resultado será simplesmente catastrófico e, a frustração será, provavelmente, uma realidade.
Ter disciplina financeira, não é algo que se alcança de um dia para o outro, tampouco com a elaboração de um orçamento familiar. É um percurso que exige foco, determinação e comprometimento com nós mesmos e com as nossas finanças. Mas assim que nos colocamos na reta certa, desfrutamos das vantagens de termos umas finanças organizadas.
Como gastar menos do que ganhamos?
1 – Elabora um orçamento
Não posso deixar de recomendar o nosso artigo “Orçamento pessoal ou familiar – como criar”.
Algumas pessoas não são adeptas da elaboração de orçamento, têm outros métodos que acham mais eficazes ou mais práticos para ajudar na organização financeira. O importante é que o método funcione.
Sei que é algo que incentivamos em alguns dos nossos artigos (em muitos, na verdade), mas é um método de organização financeira que se tem mostrado muito eficaz e, por experiência própria, um mecanismo que ajuda a acelerar o processo de organização e planejamento financeiro, daí ter sido o conteúdo do primeiro artigo que publicamos.
Se pensarmos como uma empresa, bem organizada, funciona na parte financeira, chegamos a conclusão que é exatamente igual, não é de improviso. Tem de haver um responsável financeiro que faz a gestão financeira da empresa. Entre outras responsabilidades, elabora orçamentos para servir de guia e definir os limites para cada despesa.
Nós somos os responsáveis financeiros das nossas finanças pessoais/familiar. Somos os CFH – Chief Financial Home (gostas? inventei a sigla agora, acho eu).
Como elaborar um orçamente e qual a sua importância?
Não precisas de elaborar de raiz a estrutura do teu orçamento, podes utilizar o nosso ficheiro “orcamento.xlsx”. Baixa através do link que se encontra no final do artigo.
O ficheiro “orcamento.xlsx” é um guia que serve de auxílio na organização da nossa vida financeira, para que tenhamos plena noção de todos os nossos ganhos e gastos.
Ao utilizares o ficheiro:
- Não perderás o rasto de 1 cêntimo que seja dos teus ganhos e gastos;
- Permitirá que tenhas uma leitura bastante abrangente da tua atividade financeira;
- Facilitará, sem dúvida alguma a preparação do orçamento do mês seguinte, ou seja, permitirá que afines mês após mês o teu orçamento;
- Estarás cada vez mais consciente de onde provêm os teus gastos e assim, poderás minimizar gastos excessivos/superficiais.
No orçamento, estará espelhado, ao pormenor:
- Fontes de rendimento como salários, mesadas, ganhos com investimentos, etc.;
- Gastos como pagamentos de rendas ou prestações de casa, prestações de créditos pessoais, conta da água, eletricidade, gás. Despesas de supermercado, combustível, passe social (ou ambos, para algumas pessoas). Gastos com creches de filhos, ATL, explicações, colégios, material escolar, encomendas de comida, refeições fora de casa, cinema. Despesas veterinárias, despesas com alimentação dos animais domésticos e outras despesas com os mesmos (para teres noção dos gastos com teus animais);
- Valores de investimentos em ações, investimentos noutros mercados financeiros, etc., para quem os faz;
- Quantias a poupar para a tua reforma;
- Valores para pagamento de seguros;
- Quantias a poupar para as tuas férias;
- Etc.
Deu para ter uma ideia?
Podes dizer: “mesmo assim, não quero fazer um orçamento, tenho outros métodos”.
Certo. De qualquer modo, aconselho a dares apenas uma olhadela no ficheiro, só isso já vai valer muito a pena, acredita.
Com o passar do tempo, terás uma visão da evolução da tua vida financeira.
O ficheiro “orcamento.xlsx” foi pensado e criado de forma a facilitar essa gestão.
Mas se tiveres outro método que se tem mostrado eficaz, continua o bom caminho.
2 – Gere de forma inteligente os créditos
O que tenho a dizer em relação a este ponto? Se possível, não contrai créditos.
Os juros são autênticas “galinhas a encher o papo” de grão em grão, embora alguns juros sejam uns grandes bisontes a comerem a sério o nosso dinheiro.
Estás agora a pensar: “bem, eu comprei uma casa ou pretendo comprar, não sei com que dinheiro pensas ser possível poupar para pagar a pronto uma casa”.
Pensei tudo ao pormenor, só não sei a técnica do “investidor noturno”.
Embora que hoje deve ser um pouco mais fácil, a pandemia até facilitou disfarces. Andamos equipados com máscaras, viseiras, gorros/bonés, luvas óculos, cachecol, tudo para cobrir ao máximo o corpo. Antigamente, esse modelito era logo suspeito e digno de acionar o alarme dos bancos. Mas atualmente, é uma coisa banal, já ninguém se espanta se entrares assim num banco, portanto, tens a vida facilitada. Ahahahahaahahah, brincadeira, nem quero ouvir comentários, do género: “É pá, a ideia até não é má”. Se te agrada a ideia de ver o sol a nascer quadrado, o gosto será todo teu.
Bem. Foco, volta para cá, planeta terra a chamar, vida honesta chama, realidade chama.
Ok. Agora que tenho a tua atenção de volta, vamos falar a sério.
É óbvio que o valor de uma casa, normalmente, é um valor incomportável de ser pago a pronto por pessoas comuns, por isso, é normal o recurso ao empréstimo bancário. Mas, mesmo assim, até aqui, podes minimizar o valor do empréstimo, preparando um pé-de-meia, para abater algum valor da entrada. É importante que estejas ciente, que os bancos não emprestam 100% do valor (salvo em situações muito específicas). Alguns emprestam apenas 80%, 70%, 90% o que obriga o recurso a um crédito pessoal, caso não tenhas a tal percentagem de poupança.
E, diga-se de passagem, os juros dos créditos pessoais, não costumam ser nada interessantes. Por isso, pondera bem a necessidade de solicitar créditos pessoais.
Dá preferência em pagar compras a pronto e não em prestações.
Caso o pagamento em prestações seja crucial, opta por pagamentos a curto e médio prazo, evita pagamentos a longo prazo, pois resultará em pagamento de mais juros.
3 – Adapta o teu padrão de vida
Possivelmente, em tempos, já nos foi possível viver confortavelmente num certo padrão de vida. Por algum motivo, as circunstâncias mudaram, mas continuamos a levar a vida como se tudo continuasse igual.
Por outro lado, podemos estar a viver um padrão de vida que não é compatível com as metas que queremos alcançar a curto, médio ou a logo prazo.
Chegou o momento de revermos certos hábitos que nos desviam dos nossos propósitos.
É hora de cortar gastos desnecessários, aqueles gastos descontrolados. Gastos espontâneos com promoções, só porque está em promoção, mas provavelmente não é algo que necessitas. “Mas nunca se sabe, deixa aproveitar, está a um preço tão interessante.”
E assim, vão surgindo vários pequenos gastos, que não estavam nos planos e que, aos poucos, vão minando o nosso orçamento.
Atenção!
Aquele seguro extra, para estender a garantia de um artigo, é importante realmente analisar, se compensa. Não subscreve apenas porque um comercial aconselhou, não te esqueças que, é o trabalho dele.
Acabaste de comprar aquele portátil, máquina fotográfica, telemóvel. Estás completamente animado, não queres nem pensar na possibilidade de um risco, uma queda, alguma avaria. Ainda estás na loja, na onda de pensamentos e vem logo aquela proposta de:
- Queres estender a garantia?;
- Eu comprei um igual para a minha mãe, irmã, namorada e valeu a pena. No mês seguinte o equipamento caiu, e se não fosse o seguro que fiz. Ela gastaria uma fortuna, porque a alternativa seria comprar um novo. Mas com o seguro, não gastou um cêntimo, só teve de ir à loja. Por vezes, até recolhem em casa.
Não digo que as garantias extras não sirvam para nada. O ponto que quero chegar é: pensa no que é conveniente e comportável para ti. Acrescentar mais um gasto mensal extra, é crucial e, é suportável para o teu orçamento?
Revê despesas que já não fazem sentido como seguros, subscrições, etc., são verdadeiros sanguessugas financeiros.
É uma necessidade e tens capacidade de suportar o custo? Então deixa, se a resposta for sim. Se for não, elimina e assunto encerrado.
O ajustar o padrão de vida, coloca-nos em sintonia com os nossos objetivos, o que nos leva ao ponto seguinte.
4 – Coloca-te em linha com os teus objetivos. Reposiciona-te!
Se tens projetos a alcançar, ou melhor, para os projetos que desejas alcançar, é importante definires metas.
Sim, porque é importante termos metas na vida e não insistir em colocar na cabeça que:
- Sou muito jovem, ainda é cedo;
- Não vale a pena pensar no assunto;
- Tenho tudo bem esquematizado na cabeça e não preciso de passar nada para o “papel”;
- Tenho uma idade avançada e já não vale a pena;
- Etc.
Vale a pena e, o objetivo do presente artigo é exatamente expor dicas de como organizar as nossas finanças, para que possamos traçar metas em linha com o que desejamos alcançar.
Como nos podemos colocar em linha com os nossos objetivos?
Define os teus objetivos, de forma clara.
É importante sabermos exatamente o que pretendemos alcançar:
- Qual é o meu objetivo?;
- Qual é o valor estimado?;
- Em quanto tempo pretendo concretizar?;
- Que estratégias serão minhas aliadas para lá chegar?;
- Outros pontos que aches crucial na definição do objetivo.
Divide o objetivo por etapas de concretização.
Para cada etapa, define prazos.
O cérebro humano, funciona muito bem com sistema de recompensa. Cada etapa alcançada, gera em nós uma satisfação e impulso para continuar o caminho. Aumenta o nível de produção de dopamina no nosso corpo.
Esquematiza, detalhadamente, o que precisas para concretizar cada etapa.
Isso permitirá aumentar o teu foco e prioridades do dia-a-dia.
Define períodos para analisar o progresso.
Desta forma, não perderás o teu objetivo de vista e permitirá eliminar distrações que te desviam do mesmo.
Alia-te a pessoas com os mesmos objetivos e analisa métodos de pessoas que já o alcançaram.
Aprender com o exemplo de outros, por vezes, é um atalho que vale a pena seguir. Poupa tempo, dinheiro e outros dissabores.
Partilhar sonhos comuns é saudável, enriquecedor e motivador.
Por exemplo, quando decidimos correr na rua, com o objetivo de cumprir determinado número de quilómetros, por vezes, chega o momento em que estamos prestes a desistir. De repente, passa por nós alguém, com determinação de chegar ao objetivo. Sabes o que muita gente faz e eu já fiz? “Atrelamo-nos” a quem vai a frente, com o objetivo de não ficar para trás e, automaticamente, parece que ganhamos mais fôlego, ânimo, propósito.
“Atrela-te” a pessoas determinadas, que tenham o mesmo objetivo que tu.
“Quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado, com certeza vai mais longe.Clarice Lispector
Conclusão
Não esperes até começares a ganhar muito dinheiro para te preocupares com a organização das tuas finanças. Começa hoje.
Se não nos sentimos capazes de gerir o que ganhamos hoje, dificilmente, conseguiremos gerir valores mais avultados.
Tu consegues. Organiza a tua vida financeira, traça os teus objetivos e persegue-os com garra, persistência e foco. Verás que é mais fácil do que parece.
Ao teres as tuas finanças organizadas, descobrirás que, afinal, o teu dinheiro tem mais potencial e utilidade do que aquela que dás atualmente.
É possível poupar algum dinheiro para a realização dos teus sonhos e projetos de vida (férias, carro, casa, poupança para a reforma, generosidade, etc.).
Pensa aonde queres ver as tuas finanças daqui a 1, 5, 10, 20, 40, 50 anos e age de acordo com os teus objetivos.
Queres ver mais temas do género ou outros abordados nos nossos artigos? Envia-nos as tuas sugestões ou deixa abaixo, na área de comentários.
Bora Falar de Guito!